Mindblowing, transformação, renovação, aprendizado, intensidade. Foi com essas palavras que alguns dos empreendedores da 11ª turma de aceleração da ACE resumiram os dois dias do Wizard, o evento de boas-vindas para as startups selecionadas para integrar a nova turma da ACE.
Nessas primeiras 48 horas de palestras, conversas e workshops, eles já tiveram um gostinho de como serão os próximos meses.
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Logo nos primeiros minutos da programação, os empreendedores das 12 empresas descobriram que são menos de 1% das 1 400 empresas inscritas. Mas nem deu tempo de inflar o ego. Arthur Garutti, COO da ACE avisou que o processo seria de intenso questionamento e não estava brincando. Ao longo daquele dia e do próximo, os empreendedores foram levados a refletir sobre seu propósito, visão, produto, validação e até sobre inteligência emocional.
Expectativa X realidade
Para um confronto ainda maior com a realidade, os fundadores de quatro das 170 empresas que já foram aceleradas pela ACE participaram de uma mesa redonda e compartilharam um pouco das suas experiências.
Daniel Alves, cofundador da Upik, falou sobre a necessidade de aprender, desaprender e reaprender o tempo todo e, principalmente, sobre sempre ser transparente com seus mentores.
“Não dá para antecipar o que vai acontecer amanhã, mas você precisa sempre analisar o que aconteceu ontem e hoje, olhar os problemas de frente e pedir toda ajuda possível.”
Para Luisa Cusnir, cofundadora da N2B, que mudou o modelo de negócio durante a aceleração, ter humildade e a cabeça aberta para ser questionado o tempo todo faz a diferença para o empreendedor.
“Mas não pode deixar de lado o planejamento. Você vai viver intensamente o agora, mas precisa pensar no futuro também.”
Aqui jaz uma startup
Elton Soares, cofundador da UpFish, falou sobre um assunto ainda mais difícil: a morte de sua startup. Segundo ele, o que levou a empresa para esse caminho foram as métricas da vaidade.
“Nossa empresa oferecia um serviço tão inovador que saímos em jornais, revistas, demos entrevistas para várias pessoas. Só havia um problema: o nosso cliente não estava interessado pelo nosso produto.”
Depois do programa de aceleração, Elton e seus sócios decidiram matar a empresa – o que não foi nada fácil mesmo que os únicos resultados da startup tenham sido massagens de ego.
“Se pudesse voltar atrás e fazer diferente, tomaria as decisões mais rápido. Inclusive a de acabar com a empresa. Um empreendedor precisa ser mais racional que emocional e ter coragem de tomar decisões difíceis baseado em dados, informações, números e não na vaidade.”
Além da vaidade, outra causa frequente de morte – ou pivotada – de startups é a formação do time. Patrick Tytgadt, fundador do 789Trip, que também participou da aceleração da ACE cometeu esse erro na empresa, que não chegou a fechar, mas está ‘estacionada’.
“Nosso maior erro foi não ter ninguém de tecnologia no time. Terceirizamos tudo e perdemos muito tempo com isso.”
Esse, na verdade, é um erro bem comum entre as startups, já que 23% das empresas “morrem” por causa de um time incompleto.
Outras causas de morte foram abordados por LG Lima, CSO da ACE: falta de mercado e/ou um produto que não resolve um problema real (42%), fim do dinheiro (29%), concorrência (19%), problemas com precificação (18%) e produto ruim (17%). Mas porque falar sobre o fim em um momento de começos? LG tem uma resposta: “o fracasso é o pré-requisito para a aprendizagem”.
Show me the money
Claro que ninguém monta uma empresa, começa um negócio e passa noites sem dormir só para aprender ou por um propósito. Mas, o que fica muito claro já durante o Wizard, é que captar dinheiro não é o foco do programa, apesar de ser um dos resultados esperados. “Nesse momento, sustentabilidade do negócio é mais importante que o fluxo de caixa”, diz Luis Gustavo.
E para Mike Ajnsztajn, co-fundador da ACE, esse é o melhor momento possível para empreender.
“Tem muita gente no mercado interessado em investir. Anote aí: tem que ser muito ruim para não levantar dinheiro agora. Mas não é isso que importa”
Está anotado! E para quem quiser se juntar a esse time de grandes empreendedores, fica a dica: as inscrições para a aceleração da ACE estão abertas e as startups para a próxima turma já estão sendo selecionadas.