A maturidade digital está diretamente relacionada à digitalização das empresas.
Definimos maturidade digital como uma métrica que demonstra a prontidão e capacidade de uma empresa de se adaptar e trazer resultados a seus clientes, ou seja, de gerar valor por meio do digital e à luz de um processo de transformação.
A maturidade digital das companhias está relacionada ao setor econômico em que atuam. No Brasil, empresas dos setores de serviços financeiros, varejo e telecomunicação e tecnologia foram os pioneiros no investimento de tempo e recursos para aumentar o nível de maturidade digital. As empresas mais desenvolvidas neste sentido são aquelas que têm uma coesão e uma linha estruturante de suas iniciativas de transformação digital.
Da mesma forma que a jornada digital do cliente não pode ser apenas uma digitalização de sua experiência física, o processo de transformação digital envolve uma mudança em todos os aspectos da companhia. Já falamos disso aqui. É vital que esse processo de transformação seja evolutivo e conduzido da maneira correta pois, caso contrário, a empresa logo se tornará irrelevante para o consumidor digital.
Há, portanto, um impacto financeiro direto no desenvolvimento da maturidade digital: empresas referência nesse aspecto apresentam uma taxa de crescimento de EBITDA até 5 vezes maior em relação às demais.
Transformação Digital: por que a cultura é a chave desse processo?
O que significa aumentar a maturidade digital?
Aumentar a maturidade digital de sua empresa significa ter times mais integrados e produtivos; ter a tecnologia como um facilitador e alavancador do negócio; e desenvolver a capacidade de realizar gestão por produtos, focada em resultados e com base em dados. Ao focar em melhorar as capabilities que levam a uma maior maturidade digital, as companhias podem gerar vantagens competitivas e melhoria em diversos indicadores de performance, como time to market, eficiência operacional, qualidade de serviços e produtos entregues e satisfação do consumidor.
Em uma empresa digitalmente madura, os processos são revisados e melhorados pensando em sua automatização e melhoria contínua; a gestão de pessoas e produtos é guiada por KPIs e métricas relevantes ao negócio; a área de TI participa ativamente como agente construtor da estratégia da empresa, atuando com excelência operacional; e há uma constante busca por inovação e mudança de cenário.
Sendo assim, desenvolver um processo para aumentar a maturidade digital de uma empresa torna-se uma competência extremamente relevante no cenário atual, pois só é possível melhorar o que é mensurado.
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O objetivo, ao realizar uma avaliação de maturidade, é de ter uma clara imagem que demonstre o nível de aptidão e desenvolvimento em relação às melhores práticas. A partir dela será possível articular e alinhar as principais prioridades de atuação em todos os níveis da organização.
Essa avaliação visa, também, a proporcionar maior transparência de suas principais iniciativas estratégicas, quaisquer “bloqueadores” que precisam ser resolvidos e seu impacto final nas métricas de negócios mais importantes.
Quais aspectos levamos em consideração ao avaliar a maturidade digital de uma empresa?
Na ACE, avaliamos a maturidade a partir dos pilares que temos como base para conduzir o processo de transformação digital nas empresas em que atuamos:
- Negócio
- Técnico
- Design Organizacional
- Cultura
Dentro desses eixos, levamos em consideração 20 aspectos, adaptados à realidade de cada empresa que assessoramos nesse processo de avaliação. Para cada um dos eixos, observa-se ferramentas, processos e pessoas.
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Negócio: Entende-se neste eixo como é feita a geração de valor para o consumidor final da companhia. Como ocorre o processo de criação de novos negócios? Qual a estratégia para geração de renda e eficiência operacional? Como é feito o mapeamento da concorrência e a avaliação de satisfação e de valor entregue ao cliente? Esse eixo diz respeito a maneira que a organização definirá seus objetivos e como isso reflete na priorização das atividades de todos os times e pessoas. Há um planejamento e orçamento integrados? Qual a periodicidade de sua revisão?
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Técnico: Observa-se aqui, em primeiro lugar, a maestria técnica dos times e as práticas de desenvolvimento. Os códigos são sustentáveis? Há uma esteira ágil que conecte todas as áreas do negócio? As ferramentas utilizadas pelos times diminuem o retrabalho e aumentam sua produtividade? Como se dá a interação dos componentes de negócio com a infraestrutura técnica? Os times estão maduros de modo a ter padrões e rituais de qualidade para todas as entregas que fazem? Há a descoberta e entrega contínua de valor? Como está a cultura de testes? Qual a qualidade e quantidade de dados gerados? A empresa está organizada em torno de explorá-los da melhor forma?
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Design Organizacional: O design organizacional é o principal driver da cultura. Avaliamos, aqui, o quanto ele favorece uma tomada de decisão lean; a relação e conectividade entre times; o desenho das equipes, de modo a garantir que todos tenham um papel essencial e voltado aos resultados setados pelo nível estratégico. Nesse pilar avaliamos os ritos e cerimônias dos times, a forma como se comunicam, papéis, cerimônias, métodos, fluxo de trabalho, ciclo, processos, entrega e métricas. Os times trabalham de modo a otimizar seus recursos e zerar o desperdício?
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Cultura: cultura é o mindset organizacional. Ela é produto de como as pessoas agem e no que acreditam. Na forma como se relacionam, na abertura e liberdade intelectual. Há uma cultura de resultados? É claro para todos os times os principais atributos valorizados e incentivados? Há uma cultura de melhoria contínua? Uma mentalidade e comportamentos baseados em dados? Há um propósito definido para a organização? Quão consistente e coerentemente ele é refletido em práticas e processos de cada uma das áreas? Observa e mensura-se se há uma cultura de testes e aprendizado contínuo.
A partir da avaliação de todos esses aspectos, deve-se ter uma maior clareza da capacidade técnica e cultural de ser customer-driven, de o negócio se adaptar rapidamente às novas demandas do cliente ao passo que consegue ter um planejamento de médio-longo prazo. Reflexo de uma maior maturidade digital é a capacidade desenvolvida em todos os times em ter o cliente no centro de todas as experiências e áreas.
Como avaliar a maturidade da sua empresa
Recomendamos a utilização de uma avaliação de maturidade com base em insumos quali e quantitativos, utilizando-se de assessments generalistas, auto avaliações e entrevistas em profundidade. É necessário que a forma de avaliação seja composta por diferentes tipos de dado para que possam ser capturadas as nuances de cada uma das áreas e times. De forma geral temos como referência cinco níveis de desenvolvimento e maturidade digital, escala que pode variar para cada empresa.
Para que a avaliação seja fidedigna, bem como um insumo útil é necessário que ela seja conduzida nos três níveis estratégicos da empresa: estratégico, tático e operacional. Assim será possível criar uma visão sistêmica e integrada de todos os times e, portanto, da companhia. O nível de integração das equipes pode ser, inclusive, um dos principais demonstrativos de sua agilidade e nível de maestria digital.
Ainda é necessário que seja feita com recorrência, para que se possa estabelecer um mecanismo de melhoria contínua. A mensuração frequente de maturidade deverá direcionar as mudanças dentro da companhia, que serão, assim, baseadas em dados.
Como melhorar a Jornada Digital do seu cliente?
Deve haver, portanto, uma área ou grupo de pessoas responsável pela aplicação dessa avaliação de maturidade; interpretação de seus resultados, garantindo uma transparência e posicionamento claro de onde as áreas estão em relação às melhores práticas; e que garantirá que haverá ações tomadas a partir deles, ou seja, que a avaliação seja um insumo relevante para a articulação e alinhamento das principais prioridades e desdobramentos em todos os níveis da organização.
Um roadmap de transformação deverá ser construído para que se atinja o nível máximo de maturidade (embora, quando isso aconteça, de forma alguma a empresa deverá considerar estabilizar-se em sua evolução). Essas mudanças não deverão ter um driver de revolução, mas de evolução. Isso poderá garantir sua sustentabilidade e o engajamento dos times. Afinal, todos devem estar engajados com a missão do amadurecimento corporativo.
Além de uma estratégia clara de transformação, as companhias deverão desenvolver nos times e processos para sustentação da mudança, como uma base de dados robusta; modelos de acompanhamento de resultado e geração de insight sobre a entrega de valor; modelos e ferramentas para aprimorar toda a jornada do cliente e aumento do engajamento digital de seus clientes e parceiros.