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As transações de Succession na vida real

Growthaholics #348

Alerta de spoilers: o episódio desta semana de Growthaholics vai mergulhar nas transações de Succession. Para destrinchar os detalhes técnicos, principalmente, da negociação da GoJo, que foi o centro da última temporada da série, convidei Mike Ajnsztajn, co-founder da ACE Ventures, e Giovanna Paes Cruz, advogada da ACE Ventures.

Vamos explicar o contexto dos M&As da série e do que a ficção erra ou acerta quando se trata de grandes deals entre grupos gigantescos. Vale maratonar a produção da HBO e depois correr para curtir mais um episódio de Growthaholics!

Minor spoilers are coming

O conglomerado de mídia Waystar Roycon tem um problema: a empresa precisa alcançar os concorrentes que já estão nadando de braçada no mundo do streaming. Esse é um dos motivos que fazem com que a companhia fictícia tente superar os gaps por meio de fusões e aquisições.

Como eu já contei ali em cima, os roteiristas de Succession se inspiraram bastante nas famílias que controlavam grupos de mídia como a Viacom e a Fox. Mas é possível observar vários outros aspectos do mundo dos M&As e da estratégia corporativa que são retratados na série.

 

Uma sucessão de eventos

Quem acompanha as reuniões, os longos diálogos e as intrigas de Succession já se deparou com as tentativas da Waystar de se manter relevante em um mercado que está mudando. Nem sempre as cenas mais emocionantes são lá muito realistas. Uma das falhas que devem fazer os especialistas de times jurídicos caírem da cadeira é a falta de due diligence em algumas das transações retratadas no seriado. Em especial, quando a penúltima temporada mostra Logan Roy e os filhos Shiv, Roman e Kendall lutando pela compra da Pierce Global Media.

E o que há de pouco verídico nisso?

A briga pessoal fez com que o valor da tal PGM fosse lá no alto porque nenhum dos lados queria perder. E nem sempre esse tipo de comportamento é razoável (apesar de ser possível). Só que aqui entra outro aspecto importante: por mais que os parentes (ou executivos rivais) tenham uma disputa, a compra de uma companhia é um processo que envolve consultores, avaliações legais e de resultados, ajustes estratégicos e — acreditem — é mais complexo do que fechar um investimento.

 

Certo, e o deal da GoJo?

Outra das transações que marcaram a série é o deal com o serviço de streaming GoJo, que começa como uma tentativa de M&A e depois tem um “duplo twist carpado” quando a empresa de streaming tenta comprar a Waystar.

Isso faz sentido se observarmos que, na vida real, há uma série de exemplos de empresas que não conseguiram se adaptar à nova geração de mídia ou são superadas por viradas tecnológicas. Quem não se lembra do Yahoo, que já foi uma das gigantes da internet e até fez alguns M&As “de parar o comércio” (Tumblr, Flickr e por aí vai), mas não conseguiu se manter como a marca dominante no mercado?

Outro paralelo que pode ser feito é com as startups que recebem ofertas “boas demais” e deixam a oportunidade passar. Em geral, isso acontece porque alguns fundadores têm uma visão diferente do futuro (ou não estão prontos para o exit). Algumas das transações que inspiraram os criadores de Succession foram a fusão da AOL com a Time Warner e, posteriormente, a compra da Time Warner pela operadora AT&T.

 

Da telinha para a as salas de reunião

Entre mortos e feridos, os roteiristas de Succession mandaram muito bem em dois aspectos quando retrataram a aquisição da Pierce. A primeira delas é: não importa o que o mercado diz, uma companhia vale o montante que alguém está disposto ou declara que vai pagar. Sim, fazendo um rápido paralelo com o “mundo real”, o próprio Elon Musk acredita que o Twitter não valia os mais de US$ 40 bilhões que ele teve que pagar.

No entanto, o que o executivo não deveria ter feito (se não queria desembolsar essa grana) era ter mandando um documento com a tal oferta para o board da rede social que, prontamente, aceitou e se movimentou legalmente para fazer Musk cumprir a oferta. Inclusive, eu acredito que essa aquisição poderia dar uma temporada ótima de um spin-off de Succession…

O segundo acerto do time do seriado da HBO é outra lição importante: o valor intrínseco de uma marca forte. Duvida? Basta pensar que companhias que muita gente acha que ficaram no passado foram adquiridas por novas empresas por conta das marcas. Nokia, Atari e várias outras estão aí para provar esse ponto.

 

É o fim

Se você ainda não assistiu, fica a recomendação para maratonar Succession e me mandar seus comentários. O que você acha que não foi verossímil e o que, por outro lado, foi muito bem retratado? Estou esperando a sua mensagem!

Resumindo o plot antes da season finale na news:

  • O processo e a negociação de um M&A são complexos e envolvem avaliações jurídicas, financeiras e estratégicas. Estar preparado para esse momento faz toda a diferença, em especial, do lado de quem está vendendo.

  • Não dá para negar a necessidade das due diligences. Estar bem assessorado o momento do exit ou de uma fusão faz todo sentido para maximizar os valores e as condições dos deals.

  • No fim do dia, não importa o que o mercado diz, uma companhia vale o montante que alguém está disposto a pagar por ela.

  • Da mesma forma, nunca subestime o valor intrínseco de uma marca forte. Tá aí a Disney para provar esse ponto.

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